sexta-feira, março 24, 2006

Redução de colesterol diminui risco de doença cardíaca


Uma redução da taxa de colesterol, mesmo que pequena, diminui fortemente o risco de doença cardiovascular, indica um estudo genético hoje publicado numa revista médica norte-americana.



A investigação, realizada com mais de 12.000 pessoas brancas e negras, mostrou que uma redução de apenas 15 por cento da taxa de LDL (conhecido como o «mau colesterol») durante um período prolongado pode fazer baixar acentuadamente o risco de doença coronária, segundo o New England Journal of Medicine.
Esta diminuição de LDL pode ser facilmente obtida tomando pequenas doses de medicamentos à base de estatinas, sublinham os investigadores.

O estudo confirma que uma redução moderada do colesterol tem efeitos protectores mesmo em pessoas que tenham outros factores de risco cardiovasculares importantes, como o hábito de fumar.

O trabalho «mostra sobretudo que um nível mais baixo de LDL teve um efeito espectacular na incidência de acidentes coronários durante um período de 15 anos», sublinhou Helen Hobbs, do Howard Hughes Medical Institute da Universidade do Sul do Texas, autora principal do estudo.

A investigação foi feita «com pessoas que viviam nos mesmos locais, sob a mesma intensidade de stress e com os mesmos riscos importantes de doenças cardiovasculares, como a hipertensão, a diabetes e o tabagismo», explicou.

O colesterol LDL é uma substância cerosa formada no fígado e no intestino que pode acumular-se e obstruir as artérias, sendo um factor essencial no desencadear e na progressão das doenças coronárias, lembram os médicos.

A taxa de LDL no sangue varia consideravelmente de pessoa para pessoa, já que é determinado por uma combinação complexa de factores genéticos e ligados ao ambiente.

«Não há dúvidas de que uma dieta rica em gordura pode causar uma acumulação gradual de LDL durante uma vida, mas cerca de 50 por cento da variação do colesterol pode ser atribuída a factores genéticos», afirmou Helen Hobbs.

«Foram já identificados oito genes com influência na taxa de LDL e existirão provavelmente muitos outros», concluiu.

Diário Digital / Lusa

colesterol

Medicamento pode inverter efeitos da doença de Alzheimer


Um medicamento com o nome genérico de donepezilo pode inverter os efeitos da doença de Alzheimer nos pacientes mais gravemente afectados, segundo um estudo hoje publicado pela revista médica britânica The Lancet.



O estudo foi realizado por médicos do prestigioso Instituto Karolinska, da Suécia, que compararam o efeito do donepezilo (disponível em Portugal) em 99 pacientes a quem foi administrado o fármaco durante seis meses e noutros 95 tratados só com um placebo.
Todos sofriam de demência severa, uma condição que afecta um em cada cinco doentes de Alzheimer.

«O nosso estudo demonstra que o donepezilo pode melhorar as faculdades cognitivas e conservar essas funções nos pacientes afectados por Alzheimer grave», afirmam os autores do estudo.

Uma preocupação dos estudiosos de Alzheimer é que os tratamentos com fármacos podem permitir a sobrevivência do paciente num estado de demência e prolongar assim desnecessariamente o seu sofrimento.

«A administração prolongada de inibidores de colinesterase (de que é exemplo este fármaco) não afecta a sobrevivência», dizem os autores do estudo.

No seu entendimento, «este tratamento deveria ser uma opção disponível porque pode ajudar os pacientes em fase avançada de demência sem prolongar desnecessariamente o tempo em que sofrerão de Alzheimer grave».

Diário Digital / Lusa

Alzheimer

quinta-feira, março 23, 2006

Armário



Eu queria, senhora, ser o seu armário
e guardar os seus tesouros como um corsário
Que coisa louca: ser seu guarda-roupa!
Alguma coisa sólida circunspecta
e pesada nessa sua vida tão estabanada.
Um amigo de lei (de que madeira eu não sei)
Um sentinela do seu leito com todo o respeito.
Ah, ter gavetinhas para suas argolinhas
Ter um vão para seu camisolão e sentir o seu cheiro, senhora, o dia inteiro
Meus nichos como bichos engoliriam suas meias-calças,
seus soutiens sem alças, e tirariam
nacos dos seus casacos,
E no meu chão,como trufas, as suas pantufas...
Seus echarpes, seus jeans, seus longos e afins
Seus trastes e contrastes.
Aquele vestido com asa e aquele de andar em casa.
Um turbante antigo. Um pulôver amigo. Bonecas de pano.
Um brinco cigano.Um chapéu de aba larga.
Um isqueiro sem carga.Suéteres de lã e um estranho astracã.
Ah, vê-la se vendo no meu espelho, correndo.
Puxando, sem dores, os meus puxadores.
Mexendo com o meu interior à procura de um pregador.
Desarrumando meu ser por um prêt-à-porter...
Ser o seu segredo,senhora, e o seu medo.
E sufocar com agravantes todos os seus amantes.


Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, março 22, 2006

gotinhas...




gotinhas de água...

...."a água pode ser boa para o coração..."



...."o que torna belo o deserto, disse o principezinho, é que ele esconde um poço nalgum lugar"
...."essa água era muito mais que um alimento. Nascera da caminhada sob as estrelas, do canto da roldana, do esforço do meu braço. Era boa para o coração, como um presente


"O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry :

terça-feira, março 21, 2006

pérola...lágrima do mar...


acordei!...
sonhei com pérolas...
perfeitas...

daquelas muito

raras...
símbolo do conhecimento
velado

(ocultas
no interior
das
conchas)

queria encontrar-te...

(verdade suprema...)

na tua casa

(dentro de uma pérola...
ocultando
a tua
essência...)

e

as ondas do
mar
a

guardar-te

e por entre mares
e por entre
as ondas

e com

GRANDE
...esforço
tu
emerges...

e como no texto
(Paleocristão-"Psicologus"...)

..."Há uma concha no mar que leva
o nome de concha porque ELA emerge do fundo do mar...abre a sua boca e bebe o orvalho e o raio de sol, da lua, e das estrelas, e por intermédio desses SUPERIORES produz a pérola"...

encontrei-te!...
pura...
preciosa...
bela e límpida...
cheia de magia...

à volta da tua
concha

uma estrela cadente...
linda!...

e a acreditar

.....................no ditado popular (Europa Ocidental)

"As pérolas acreditemos trazem-nos lágrimas
prateadas, lua, mas são lágrimas de alegria"

minha...
pérola...
afrodisíaca...
Amor...meu...
pérola...minha...

Amo-te!...

.............................não me desiludas...
.............................não sejas... um engano...
............e te..........................transformes... em pér... de......cultura...

PS. Vou Ter um cuidado...
muito especial...
............................com "tu"..

................................minha pérola...

tenho que te guardar...
...............................
................................separadamente.................
das outras...
....................jóias...

...envolvida...

................................em seda...............

....................natural.......................

e dentro do meu "cofrezinho"...

no sítio...

mais...escondidinho...

mais recôndito...

do meu pulsar...
do que me faz ... viver...e me faz viver...

................................................o meu...
........................................................coração...........

e do qual só eu
tenho chave e sei o código...para
entrar...

.............só não sei quando pode parar...mas levará de certo... "tu"

..............................a pérola...

...e se isso acontecer... junta-lhe um

....................pampilho!...


eusouassim
in AMERICANA

quarta-feira, março 15, 2006

...do lado de lá de Gaia...o Porto continua envolvido em luzes de ribalta...




foto de eusouassim

Personalidade Psicopática Amoral


O prof. Eunofre Marques adota a denominação de Personalidade Psicopática Amoral (ou, simplesmente, PP). Diz ele:

" O PP amoral é um indivíduo incapaz de incorporar valores. Ele funciona sempre na relação prazer-desprazer imediato.

São indivíduos incapazes de se integrar a qualquer grupo, devido ao seu egoísmo absoluto e a não aceitarem qualquer tipo de regras. Só o que eles querem é o que interessa. No início, eles até fazem amizades com facilidade mas, diante dos primeiros conflitos, a sua amoralidade aparece em todo o seu potencial. Terminam por ser rejeitados pelos grupos em pouco tempo. São, por isso, em geral indivíduos solitários, que migram de grupo em grupo até que não restem mais grupos para os aceitarem"

Hipocrisia Extrema




Há numerosos indivíduos civilizados que recuariam aterrados perante a ideia do assassínio ou do incesto, mas que não desdenham satisfazer a sua cupidez, a sua agressividade, as suas cobiças sexuais, que não hesitam em prejudicar os seus semelhantes por meio da mentira, do engano, da calúnia, contanto que o possam fazer com impunidade.

Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'

A Hipocrisia do Ser

Para que servem esses píncaros elevados da filosofia, em cima dos quais nenhum ser humano se pode colocar, e essas regras que excedem a nossa prática e as nossas forças? Vejo frequentes vezes proporem-nos modelos de vida que nem quem os propõe nem os seus auditores têm alguma esperança de seguir ou, o que é pior, desejo de o fazer. Da mesma folha de papel onde acabou de escrever uma sentença de condenação de um adultério, o juiz rasga um pedaço para enviar um bilhetinho amoroso à mulher de um colega. Aquela com quem acabais de ilicitamente dar uma cambalhota, pouco depois e na vossa própria presença, bradará contra uma similar transgressão de uma sua amiga com mais severidade que o faria Pórcia.

E há quem condene homens à morte por crimes que nem sequer considera transgressões. Quando jovem, vi um gentil-homem apresentar ao povo, com uma mão, versos de notável beleza e licenciosidade, e com outra, a mais belicosa reforma teológica de que o mundo, de há muito àquela parte, teve notícia.
Assim vão os homens. Deixa-se que as leis e os preceitos sigam o seu caminho: nós tomamos outro, não só por desregramento de costumes, mas também frequentemente por termos opiniões e juízos que lhes são contrários.

Michel de Montaigne, in 'Ensaios - Da Vaidade'

O Sofrimento do Hipócrita




Ter mentido é ter sofrido. 0 hipócrita é um paciente na dupla acepção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício. A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cérebro, querer devorar os que o veneram, acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente, compor o rosto do crime latente, fazer da disformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, por açúcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar, nada mais difícil, nada mais doloroso. 0 odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. Causa náuseas beber perpétuamente a impostura. A meiguice com que a astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e há momentos de enjôo em que o hipócrita vomita quase o seu pensamento. Engolir essa saliva é coisa horrível. Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu desmedido no impostor. 0 verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se. 0 traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da enormidade. 0 hipócrita é um titã-anão.

Victor Hugo, in 'Os Trabalhadores do Mar'

quarta-feira, março 08, 2006

terça-feira, março 07, 2006

O Dia em que troquei o meu pai por dois peixinhos vermelhos


Neil Gaiman e Dave McKean juntaram-se em boa hora para escrever um daqueles livros que os adultos compram desculpabilizados com a desculpa de ser para as crianças: O Dia em que troquei o meu pai por dois peixinhos vermelhos. A história é muito simples, à falta de cromos, um menino resolve trocar um pai que passa o tempo todo a ler o jornal. O problema é que a mãe não está muito pelos ajustes. E o segundo problema é destrocar todas as trocas sucessivas.

Neil Gaiman e Dave McKean, O Dia em que troquei o meu pai por dois peixinhos vermelhos, Vitamina BD / Devir Livraria, Lda., 56 págs., 15.00E

..eu gosto de barquinhos de papel...


...levam-me por entre ondulados de azul..onde saltitam peixinhos vermelhos....

domingo, março 05, 2006

A Sociedade é um Sistema de Egoísmos Maleáveis



A sociedade é um sistema de egoísmos maleáveis, de concorrências intermitentes. Como homem é, ao mesmo tempo, um ente individual e um ente social. Como indivíduo, distingue-se de todos os outros homens; e, porque se distingue, opõe-se-lhes. Como sociável, parece-se com todos os outros homens; e, porque se parece, agrega-se-lhes. A vida social do homem divide-se, pois, em duas partes: uma parte individual, em que é concorrente dos outros, e tem que estar na defensiva e na ofensiva perante eles; e uma parte social, em que é semelhante dos outros, e tem tão-somente que ser-lhes útil e agradável. Para estar na defensiva ou na ofensiva, tem ele que ver claramente o que os outros realmente são e o que realmente fazem, e não o que deveriam ser ou o que seria bom que fizessem. Para lhes ser útil ou agradável, tem que consultar simplesmente a sua mera natureza de homens.

A exacerbação, em qualquer homem, de um ou o outro destes elementos leva à ruína integral desse homem, e, portanto, à própria frustração do intuito do elemento predominante, que, como é parte do homem, cai com a queda dele. Um indivíduo que conduza a sua vida em linhas de uma moral altíssima e pura acabará por ser ultrajado por toda a gente - até pelos indivíduos que, sendo também morais, o são com menos altura e pureza. E o despeito, a amargura, a desilusão, que corroem a natureza moral, serão os resultados da sua experiência. Mas também um indivíduo, que conduza a sua vida em linhas de um embuste constante, acabará, ou na cadeia, onde há pouco que intrujar, ou por se tornar suspeito a todos e por isso já não poder intrujar ninguém.

'
Fernando Pessoa, in 'Os Preceitos Práticos em Geral e os de Henry Ford em Particular'

...travessias de deserto...

...em tempo de Quaresma...vou ver se não me deixo encantar por uma serpente...