Conservadora do ponto de vista formal, já que mantém os esquemas tradicionais de métrica e de rima, a sua escrita distingue-se pela singularidade de certas imagens e metáforas colhidas na área científica, bem como por um sóbrio e desencantado humanismo, que leva o poeta a hesitar entre uma perspectiva pessimista e uma solidariedade que uniria todos os membros da espécie humana.
Tal ânsia de comunhão não chega porém a destruir um profundo sentimento de solidão e de absurdo face às injustiças do mundo e aos múltiplos sinais da insensatez humana.

Gota de Água
Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.