terça-feira, abril 25, 2006
VIVA O DIA 25/4/74 - DIA DA LIBERTAÇÃO DE PORTUGAL
Vila Franca, 26/4/74
VIVA O DIA 25/4/74.
DIA DA LIBERTAÇÃO DE PORTUGAL
Minha muito querida eusouassim:
Escrevo-te num canto com a espingarda ao ombro. Canto esse que me abriga pois está frio e vento. São 4 horas da manhã. Tudo vai bem. Até agora não descansei um bocado, mas felizmente que estamos de prevenção por algo importante para nós.
Não posso escrever-te mais por hoje. Pensa em mim. Recebi hoje à tarde uma carta tua, em que pensas que vou aí, mas como o quartel está de prevenção por uma coisa que tu quando receberes esta carta já sabes.
Quantas saudades já tenho de ti. Falta pouco agora para te ver. Sinto-o
Beijos sem fim daquele que muito te ama e te traz sempre com ele em pensamento,
O TEU
ZL
AMO-TE.
(carta para eusouassim em plena revolução dos cravos)
VIVA O DIA 25/4/74.
DIA DA LIBERTAÇÃO DE PORTUGAL
Minha muito querida eusouassim:
Escrevo-te num canto com a espingarda ao ombro. Canto esse que me abriga pois está frio e vento. São 4 horas da manhã. Tudo vai bem. Até agora não descansei um bocado, mas felizmente que estamos de prevenção por algo importante para nós.
Não posso escrever-te mais por hoje. Pensa em mim. Recebi hoje à tarde uma carta tua, em que pensas que vou aí, mas como o quartel está de prevenção por uma coisa que tu quando receberes esta carta já sabes.
Quantas saudades já tenho de ti. Falta pouco agora para te ver. Sinto-o
Beijos sem fim daquele que muito te ama e te traz sempre com ele em pensamento,
O TEU
ZL
AMO-TE.
(carta para eusouassim em plena revolução dos cravos)
...um para mim...outro para ti...
Os silêncios da fala

São tantos
os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor
Silêncios de silex
no corpo do silêncio
Silêncios de vento
de mar
e de torpor
De amor
Depois, há as jarras
com rosas de silêncio
Os gemidos
nas camas
As ancas
O sabor
O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.
Maria Teresa Horta
in Vozes e Olhares no Feminino, Edições Afrontamento,
Porto 2001, pp. 40, 41
domingo, abril 23, 2006
O livro que escolho para este dia...uma ode à ternura...

O MEU PÉ DE LARANJA LIMA
"- O primeiro a escolher as árvores, será você.
Olhei os seus pés, os dedos saindo dos tamancos. Ele era uma velha árvore de raízes escuras. Era um pai-árvore. Mas uma árvore que eu quase não conhecia.
- Depois tem mais. Tão cedo não vão cortar o seu pé de Laranja Lima. Quando o cortarem você estará longe e nem sentirá.
Agarrei-me soluçando aos seus joelhos.
- Não adianta, Papai. Não adianta.
E olhando o seu rosto que também se encontrava cheio de lágrimas murmurei como um morto:
- Já cortaram, Papai, faz mais de uma semana que cortaram o meu pé de Laranja Lima."
Mauro de Vasconcelos
vai se emocionar, rir e chorar com esta linda e comovente história de um garoto de seis anos, chamado Zezé.
Pobre, sozinho, alegre, inteligente e principalmente por ser esperto demais aprende muito cedo o que é dor e saudade.
Tem além do carinho do seu amigo "Portuga", uma grande, fiel e confidente: a "Xururuca" - seu pé de laranja lima. É para ela que ele divide suas tristezas, travessuras, carências e fantasias.
sábado, abril 22, 2006
"Neologismo", do livro Belo Belo, de 1948:

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Manuel Bandeira
sexta-feira, abril 14, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
domingo, abril 09, 2006
Folar da Páscoa

Ingredientes
100 g de manteiga ou de margarina;
1 colher de café de erva doce em pó;
15 g de fermento de padeiro ;
3 colheres de sopa de açúcar;
1colher de café de canela;
1 colher de café de sal fino;
2,5 dl de leite;
ovos cozidos;
500 g de farinha;
2ovos pequenos.
Modo de preparar
Dissolve-se o fermento de padeiro num pouco de leite morno e com 100 g de farinha tirada do peso total e uma colher de açúcar, também tirada da quantidade total, faz-se uma massa. Deixa-se levedar durante cerca de 20 minutos em sítio aquecido.
Entretanto, amassa-se a restante farinha com os ovos, o açúcar e o leite até se obter uma massa muito leve, bem arejada, mas com bastante corpo. Adiciona-se depois a margarina derretida, o sal, a erva doce e a canela. Mistura-se bem e junta-se à massa de fermento levedada. Amassa-se até a massa se desprender das mãos e do alguidar. Cobre-se com um pano e envolve-se o alguidar num cobertor. Deixa-se levedar durante 2 a 5 horas em sítio aquecido (o tempo de crescimento depende da temperatura ambiente).
Depois divide-se a massa em bolas ou molda-se numa só. Achata-se um pouco e colocam-se sobre ela um ou mais ovos cozidos, conforme o tamanho da massa. Prendem-se os ovos com algumas tirinhas de massa. Pincela-se com gema de ovo e leva-se a cozer em forno bem quente.
(Não se deve levedar a massa no forno, mesmo muito brando, pois pode tornar-se amarga).
OVO

...."o ovo participa também do simbolismo dos valores de repouso, como a casa, o ninho,a concha, o seio da mãe. Mas no interior da concha, como no seio, simbólico da mãe, actua a dialética do ser livre e do ser acorrentado. O ser vivo a sair desta doce segurança: o pintainho quebra a sua casca suave e quente. O ovo, tal como a mãe, tornar-se-á o símbolo dos conflitos interiores entre o burguês âvido de conforto e o aventureiro apaixonado pelos desafios que dormem no homem..."...
Domingo de Ramos

Podemos dizer que a semana da Páscoa começa com o Domingo de Ramos.
A festa dos ramos relembra o dia em que Jesus entrou festivamente em Jerusalém, pouco antes de sua morte.
Jesus nascera em Belém, na Judéia, mas passara a maior parte de sua vida na Galiléia, em Nazaré, Cafarnaum e outras cidades, fazendo sua pregação sobre o Reino de Deus e divulgando sua doutrina de amor. Poucos dias antes de ser preso, julgado e condenado à morte, Jesus dirigiu-se a Jerusalém com seus discípulos, justamente para comemorar a Páscoa ( a Páscoa judaica ). Pois foi nesse dia que o povo o aclamou nas ruas, agitando no ar ramos de palmeira e oliveira, e gritando "Hosana ( que quer dizer " Salve!") ao Filho de Davi".
Chamamos de entrada triunfal de Jesus em Jerusalém para cumprir seu mistério pascal, a realidade era de maioria camponês, eis a razão dos ramos. Levantar os ramos e aclamar com alegria é a maneira do povo expressar o reconhecimento régio e messiânico de Jesus.
sábado, abril 08, 2006
É Actuando que Devemos Abandonar
Eu odeio, no fundo, toda a moral que diz: «Não faças isto, não faças aquilo. Renuncia. Domina-te...». Gosto, pelo contrário, da moral que me leva a fazer uma coisa, a refazê-la, a pensar nela de manhã à noite, a sonhar com ela durante a noite, e a não ter jamais outra preocupação que não seja fazê-la bem, tão bem quanto for capaz entre todos os homens. A viver assim despojamo-nos, uma a uma, de todas as preocupações que não têm nada a ver com esta vida: vê-se sem ódio nem repugnância desaparecer hoje isto, amanhã aquilo, folhas amarelas que o menor sopro um pouco vivo solta da árvore; ou mesmo nem sequer se dá por isso, de tal modo o objectivo absorve o olhar, de tal modo o olhar se obstina em ver para diante, não se desviando nunca, nem para a direita nem para a esquerda, nem para cima nem para baixo. «É a nossa actividade que deve determinar o que temos de abandonar; é actuando que deixaremos», eis o que amo, eis o meu próprio placitum! Mas eu não quero trabalhar para me empobrecer mantendo os olhos abertos, não quero essas virtudes negativas que têm por essência a negação e a renúncia.
Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'
Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'
sexta-feira, abril 07, 2006
Fernando Pessoa

Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.